Refinaria de Manguinhos pede suspensão de negócios na Bovespa

Decisão foi tomada após o governador do Rio falar em desapropriar a área.
Pedido de suspensão dos negócios com ações é por prazo indeterminado.

Do Valor Online

A Refinaria de Petróleos de Manguinhos solicitou, nesta segunda-feira (15), a suspensão dos negócios com ações da empresa na BM&FBovespa, por prazo indeterminado. O pedido foi feito um dia depois da operação policial de pacificação das regiões de Manguinhos e de Jacarezinho, no subúrbio do Rio de Janeiro, quando o governador Sérgio Cabral anunciou, de acordo com o jornal "O Globo", uma série de medidas de recuperação da região onde está instalada a refinaria, incluindo a desapropriação da área para a construção de um bairro-modelo.

Em virtude dessa notícia, que pode influir de maneira relevante na cotação das ações e com intuito de proteger os acionistas minoritários e investidores (...), vem requerer a suspensão, por prazo indeterminado, da negociação de seus valores mobiliários

Documento da refinaria enviado
à Comissão de Valores Mobiliários

Em fato relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia informa que tomou conhecimento dos planos do governo estadual do Rio de Janeiro somente no domingo (14), por meio de veículos de comunicação.
"Em virtude dessa notícia, que pode influir de maneira relevante na cotação das ações e com intuito de proteger os acionistas minoritários e investidores (...), vem requerer a suspensão, por prazo indeterminado, da negociação de seus valores mobiliários (RPMG3 e RPMG4), até que se possa proceder com a apuração dos fatos", afirma no documento.
Procurado pelo "O Globo", o presidente da Refinaria de Petróleos de Manguinhos, Paulo Henrique Menezes, informou que foi surpreendido pela declaração de Cabral, uma vez que a refinaria tem operado com "volume expressivo". O governador do Rio, no entanto, alega que a refinaria tem sido usada apenas para estocagem de etanol, segundo a reportagem do jornal.
No fato relevante repassado para a CVM, a empresa informa que, nos últimos 12 meses, refinou 3,5 milhões de barris de petróleo. A companhia disse ainda que emprega mil trabalhadores diretamente.
Após ocupação, favelas receberão UPPsNo domingo, a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro informou que as favelas de Manguinhos e de Jacarezinho, no subúrbio do Rio de Janeiro, foram totalmente dominadas pelas forças policiais durante a operação de pacificação nas comunidades. Segundo as autoridades, a ação durou apenas 20 minutos e não houve confronto com traficantes.
Mais de dois mil homens das forças policiais e do Exército participaram da operação nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos, Mandela e Varginha. A ação teve o apoio de 24 veículos blindados, sendo 13 da Marinha e 11 da Polícia Militar, além de sete aeronaves da Polícia Rodoviária Federal, da PM e da Polícia Civil.
O planejamento da Secretaria de Segurança é instalar, até janeiro, Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nas favelas de Manguinhos, Mandela, Varginha e Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada em coletiva pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que fez uma análise da operação junto com os chefes da Polícia Federal, Polícia Civil, Marinha, Exército e Corpo de Bombeiros.
Cabral fala sobre recuperação econômica
Em entrevista durante a operação militar nas favelas do Rio de Janeiro, Cabral falou sobre alguns planos da administração estadual para a região de Manguinhos e Jacarezinho, entre eles a recuperação da economia local. Em sua fala, no entanto, o governador não citou qualquer mudança atingindo a Refinaria de Petróleos de Manguinhos.
 Ele relembrou que, há 20 anos, diversas indústrias, principalmente do setor têxtil, estavam instaladas na região e que elas saíram do local. "Ninguém aguenta ficar ali. Não tenho dúvida que aquela região vai reflorescer, renascer, é uma região fantástica, é uma região muito nobre", disse Cabral. "Aquela região tinha uma pujança econômica muito grande".