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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Geddel deixa o caminho aberto para aproximação do PMDB com o PT Numa clara mudança de tom em relação aos ex-aliados e hoje grande opositor, o ex-ministro da Integração Nacional e vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e também presidente do PMDB baiano, Geddel Vieira Lima, em entrevista exclusiva à Tribuna sinaliza que uma possível reaproximação com o Partido dos Trabalhadores (PT) não está descartada. Segundo ele, sempre procurou nutrir e preservar uma relação de respeito com o governador Jaques Wagner e, por ser político, está aberto para conversar com todas as forças políticas do estado. Disse ainda ter absoluta convicção que ele e o prefeito ACM Neto (DEM), que ressalte-se vive um clima bastante amistoso com o governador e até já fala sobre uma futura aliança com o PT nacional, estarão no mesmo campo porque tem todo um futuro pela frente. Contudo, não deixou de tecer duras críticas a setores como segurança pública na Bahia, bem como não escondeu a insatisfação do PMDB nacional com o Palácio do Planalto. Aliado a isso, reforçou que trabalha para ser candidato à chapa majoritária nas eleições de 2014. Tribuna da Bahia – O prefeito ACM Neto sinalizou, recentemente, o apoio à presidente Dilma. Isso, de alguma forma, pode acontecer? Geddel – Primeiro quero registrar que não tenho nenhum reparo ao comportamento político e às declarações do prefeito ACM Neto. Eu tenho a noção exata que ele precisa manter as ótimas relações tanto com o governo do estado como federal para viabilizar os investimentos que Salvador precisa e os avanços. Agora, se nós tivéssemos uma democracia amadurecida esse tema das relações entre os entes federados não seria nem alvo de debate. Tanto na eleição, onde não poderia haver aquela chantagem que o PT fez com o povo de Salvador, dizendo que teria que ter candidato do mesmo partido para viabilizar as coisas, como depois, no exercício de mandato. É absolutamente natural e obrigatório que os dirigentes se entendam. Quando vem a hora do palanque é outra coisa, quando é hora da escolha da política é outro momento. Em relação ao prefeito ACM Neto eu tenho absoluta convicção e todos nós temos a ciência que tem 2014, 2016 e tem 2018, e tudo está ligado. Tenho certeza que tanto eu como o prefeito ACM Neto e outras lideranças que atuam hoje no mesmo campo estaremos no mesmo campo porque tem todo um futuro pela frente. TB - Como está vendo a relação amistosa entre o prefeito ACM Neto e o governador Jaques Wagner? Geddel – Do ponto de vista mais amplo, sobre o aspecto administrativo, já falei. Já sobre a ótica política, essa proximidade, sobretudo através da imprensa, esse flash toda hora que se encontram, está sendo mais útil para o governador do que para o próprio ACM Neto. Até porque, o governador, que vinha com um processo de rejeição alto em Salvador, ameniza a raiva junto ao eleitorado de ACM Neto, cria um colchão de certa condescendência com ele, reduzindo assim a repulsa. Mas, do ponto de vista concreto, está sendo mais pausa para fotografia do que qualquer outra coisa. Agora é certo que o governador está oferecendo algumas caronas para o prefeito. Mas, mesmo assim lhe pergunto: cadê os R$60 milhões que a Embasa deve desde a administração passada? Deu alguma condição para a prefeitura realizar obras, através de convênios concretos? Não. Portanto, eu acho que essa relação é mais frutífera para o governador, que sabe fazer o jogo político do republicano para tirar proveito para sua imagem. TB – Uma candidatura sua ao governo facilitaria, de alguma forma, uma aproximação de ACM Neto, de forma muito direta, pela questão do interesse de obras pela cidade? Geddel – Não. Se eu te dissesse que facilitaria, estaria contradizendo a primeira resposta. Isso é uma questão de campo político, de afinidade, de projeto administrativo. Evidentemente, facilita no sentido de que temos o mesmo conceito do que precisa ser feito na cidade, mas do ponto de vista de relacionamento administrativo, gerencial, o que facilita é terem a noção de que o que importa é o interesse do povo. Tanto acho que essa é uma discussão fora de moda que cada vez vai ficar mais fora de moda no Brasil. Você veja que nenhum governador teve uma relação tão boa com o presidente Lula como Aécio Neves, ou como o governador de Pernambuco, e não são do PT. Hoje, mesmo a presidente Dilma tem uma ótima relação com o governador de São Paulo, que é do PSDB. Chegou a convidar para ser ministro de Estado o vice-governador que é vinculado ao PSDB. Então, acho que esse debate é, absolutamente, fora de propósito. TB – O PMDB nacional já sinalizou insatisfação com o Planalto, inclusive, você admitiu a possibilidade de estarem em campos opostos em 2014. O cenário mais próximo já deu um rompimento, uma deliberação das alianças? Geddel – Olha, esse quadro está muito confuso dentro do PMDB. Existem muitas insatisfações em função das realidades estaduais, que são muito fortes. Você não tem partidos nacionais verticalizados, sobretudo, com essa confusão da política, onde caíram muros ideológicos. Quem é contra uma eleição termina aderindo logo depois. Uma triste mistura. Sou contra essa posição, prefiro maior nitidez. Acho que o momento de fazer rearranjos não é logo depois da eleição, é quando vai haver eleição, para que a sociedade possa julgar seus argumentos e aceitar ou não eventuais mudanças. Mudar-se logo depois das eleições, quando você defendeu no palanque uma postura, na minha ótica é oportunismo e é rejeitado pela opinião pública. Digo-lhe isso para dizer que há, efetivamente, uma insatisfação grande na relação PT-PMDB e que tudo pode acontecer. Vamos ver como isso vai correr daqui para frente e a capacidade que as lideranças possam ter de diálogo, de busca de entendimento, de convergência, e isso será fundamental para saber se vai haver uma manutenção ou não, uma repetição ou não da aliança nacional. TB – Existe uma possibilidade, uma afinidade de Aécio com Eduardo Campos? É um cenário possível no PMDB nacional? Geddel - Por enquanto o que existem são insatisfações nos estados em função da dificuldade de convergência entre PT e PMDB e das disputas e do convencimento que o PMDB tem, até pela experiência que vivi aqui em 2010 de que essa possibilidade de dois palanques é algo absolutamente inexistente, porque, na hora da bola dividida, fala mais alto a coloração partidária, e você termina tendo um desequilíbrio. Como essas divergências serão tratadas é que vai dizer se elas vão se avolumar ou se reduzir, e que vão ser definidoras na conversão do PMDB 2014. Eu acho que isso hoje está em aberto, inclusive, à eventual liberação de uma participação nacional para que os estados definam suas posições. Eu não tenho dúvida que o quadro hoje ainda é muito confuso. TB – É inviável e irreal uma aproximação de PMDB e PT na Bahia, até porque estão em campos muitos separados no estado? Geddel - Eu tenho dito sempre que, da minha parte, procurei preservar meus laços de respeito e relação pessoal com o líder maior do PT na Bahia que é o governador do Estado. Sempre que nos encontramos, nos tratamos de forma respeitosa e tenho com outros quadros do PT, como o senador Walter Pinheiro, uma relação muito tranquila, muito fraterna, e conversamos muito sobre política. Sobre aproximação, aliança ou construção de um projeto que agregue ideias nossas, nunca fomos procurados pelo PT, nunca tratamos desse assunto. Agora, eu sou político, sou um homem público, evidentemente que tenho que estar aberto para conversar com todas as forças políticas do meu Estado. Não tenho nenhum preconceito em conversar com quem quer que seja. TB – Pelo que tem andado, conversado e visto em pesquisa, seu nome está se fortalecendo. Como se viabilizar candidato das oposições em 2014? Geddel – Primeiro, é importante, com a transparência que caracteriza minhas declarações, deixar claro que eu desejo e trabalho para ser candidato. Eu me considero absolutamente maduro do ponto de visto político e preparado, do ponto de vista administrativo gerencial, para liderar um projeto de governo que enfrente as questões da Bahia com outra atitude. Que entenda que um gestor tem a responsabilidade de tentar construir consensos, mas quando esses consensos não existirem tem que enfrentar o dissenso, tomando decisões, não se omitindo, mesmo que, eventualmente, erre, e tenho que corrigir, pois o maior pecado do governante é a omissão. A omissão não tem correção. Acho que a Bahia precisa de um líder que a defenda, que erga sua voz na defesa dos seus interesses. Que enfrente com outra atitude os graves problemas que enfrentamos hoje na segurança pública, na educação, na saúde, na política de atração de investimentos. Na forma de enfrentar essa questão da seca, num estado que tem mais de 2/3 em território no semiárido. As pesquisas de opinião que nós temos tido acesso mostram uma grande forma da oposição, e meu nome, evidentemente, pontua muito bem e me deixa feliz. No campo governista, quem melhor aparece nessas pesquisas internas é a senadora Lídice da Mata, mas ainda assim com diferencial muito grande dos candidatos que estão no campo da oposição. Qual é o desafio que eu tenho? Primeiro, ver se a sociedade concorda que meu nome possa representar esse projeto alternativo, isso vai se manifestar cada vez nas pesquisas. Segundo, se terei a capacidade de unificar com muita humildade esses partidos todos que pensam da mesma forma. Se for, se consegui vencer esses dois desafios, vou estar pronto para ser candidato; se não, terei muita humildade para sentar à minha mesa e apoiar aquele que possa representar melhor esse projeto. O que posso afirmar é que não há possibilidade, da minha parte, de divisão desse campo. Eu não serei candidato se não for o candidato da unidade; serei muito motivado, com muita vontade de vencer as eleições, se for candidato da unidade. TB – Uma chapa Geddel ao governo seria João Gualberto (PSDB) e Paulo Souto seria alternativo para o Senado? Geddel – Paulo Souto é sempre um grande nome para qualquer coisa, é um quadro absolutamente qualificado, preparado, fez grande governo na Bahia. É um homem competente e sério. João Gualberto é uma liderança importante também, fez um trabalho significativo na região metropolitana, fez uma grande gestão em Mata de São João e tem todo direito de postular voos mais altos na política da Bahia. Você cita dois nomes que honram qualquer composição, mas evidente que não posso trata de composição se estou tratando de viabilizar nosso nome como candidato da unidade. Então, tenho que estar aberto a todas as conversas, todas as tratativas, sempre com foco. As conversas têm que se sustentar em torno de um projeto claro, definido, de amplo conhecimento da população, do povo da Bahia, para que possa ser cobrado depois. Então, chega de se anunciar tanta coisa e depois de eleito as coisas não se efetivarem. É esse o meu sentimento. Discutir em cima de ideias claras, propostas objetivas, de onde vêm recursos, quais são as prioridades, para que no período de quatro anos de mandato você possa, efetivamente, tirá-las do papel. TB – Esse é um posicionamento muito claro com relação à fama de gerir do PT? As pessoas vão perceber isso no período de eleição? Geddel – Eu não tenho dúvida, e acho que foi isso que fez a divergência minha com o governador. As coisas na Bahia têm andado muito lentamente. Parece que passarela é um estigma nesse governo. Demoraram quase três anos, dois anos e meio para fazer a de Pituaçu, e agora, para trocar as pastilhas de uma passarela em Costa Azul, já se vão quase oito meses. Acho que a Bahia perdeu muitas oportunidades que o Brasil ofereceu. Se dizia que a tal da vinculação do mesmo partido, tese que discordo, seria fundamental para se fazer uma verdadeira revolução na Bahia, não é o que eu vejo. Agora, às vésperas da eleição, o governo anuncia uma nova intervenção importante – tomara que saia do papel aqui em Salvador –, tentando recuperar o desgaste. Mas, ao longo de sete anos, deixamos muito a desejar. O que vemos nas ruas são outdoors anunciando empresas. O que se vê é que anuncia-se uma JAC Motors, demora muito tempo e está lá em terraplanagem. Não fizeram nem uma barragem no estado. A única que foi feita, nos últimos anos aqui, foi a Gasparino, quando fui ministro, investimento de mais de R$ 100 milhões, que viabiliza a solução do problema na região. Uma das grandes adutoras que foi feita, em Guanambi, eu deixei tudo encaminhado quando era ministro, fizemos a licitação, comparamos tudo, tornamos a obra irreversível. Você vai na segurança pública, das 10 cidades mais violentas do Brasil, seis estão na Bahia, e Simões Filho é considerada a cidade mais violenta do Brasil. Eu não vi em nenhum momento o senhor governador exercer o papel de líder do Estado para defender com vigor os interesses da Bahia. Veja, por exemplo, na questão dos royalties e em tantas outras questões, deixou muito a desejar. E é essa a diferença que, na minha avaliação, está fazendo com que comece uma fadiga de material em relação à administração do PT, que teve sua oportunidade, deu sua contribuição pequena e que precisa se renovar, se reciclar, se repropor se quiser, na nossa ótica, ter chances completas na eleição do ano que vem. TB – Como avalia os cinco primeiros meses do governo ACM Neto? Tímido ainda? Geddel – Eu não diria a você que tímido. Acho que ACM Neto está mostrando uma nova atitude. A cidade sente que tem prefeito. Mas, evidentemente, que nesses cinco primeiros meses o papel fundamental dele é arrumar a casa. Está propondo uma reforma tributária, que eu aproveito para apelar à Câmara de Vereadores que aprove. Montou uma equipe correta, está enfrentando alguns gargalos com iniciativa correta, como a questão do trânsito; está propondo saída para os grandes problemas, mas ele tem que arrumar a casa, buscar dinheiro porque nós sabemos que a administração passada deixou problemas gravíssimos para qualquer que fosse a gestão enfrentar. Eu estou muito satisfeito com o início da gestão de ACM Neto. Agora, vejo o PT querer comparar resultados de uma administração de sete anos com uma que mal se iniciou e está com cinco meses, é de uma brutalidade, uma má-fé política, impressionante. TB – Como viabilizar uma gestão em Salvador com tantos gargalos e sem dinheiro? Geddel – Com seriedade, enfrentando os problemas, propondo, como ele está, um novo modelo de arrecadação, de reforma tributária. Criando as condições para que a prefeitura arrecade mais, contendo gastos desnecessários, combatendo permanentemente as corrupções, os desvios e escolhendo as prioridades certas. Governar nada mais é do que eleger prioridades. Esse negócio de você falar que vai ser candidato a governador e dizer que vai ter 15 prioridades é o caminho mais curto para não ter nenhuma. Você tem que elencar quais são os maiores problemas, se comprometer a resolvê-los, atacá-los, encaminhar solução e deixar o restante para que seu sucessor cuide, pois é impossível você achar que vai resolver tudo. Acho que ACM Neto está focando certo: a questão da mobilidade urbana. Em cinco meses já resolveu a questão do metrô passando para o estado, que é uma proposta que já tinha levantado em 2010. Busca recurso para viabilizar uma série de obras estruturantes de viadutos, de mudanças de trânsito que pode melhorar o tráfego da cidade. Com forma participativa, tem ido aos bairros mais pobres para identificar ali aquelas carências. Tem projetado grande trabalho de recapeamento de várias vias da cidade, para resolver os problemas do surgimento dos buracos. Eu acho que ACM Neto está no caminho certo: eleger prioridades e atacá-las. TB – O provável adversário da oposição. Quem vai ser o candidato do governador Wagner? Geddel – Olha, não me cabe organizar ou tratar do campo adversário. Me cabe tentar fazer a organização do campo em que estou inserido com muita humildade e muita disposição de contribuir, sem impor absolutamente nada. O que possa fazer aqui é um comentário como um ator da política do estado, um homem que acompanha o dia a dia da política, sem nenhum sentido crítico. Eu acho que o governado já se decidiu. Ele quer colocar para o PT aceitar a candidatura do chefe da Casa Civil, Rui Costa, seu secretário de sindicato, amigo de longas datas e que ele acha que poderá ser obediente se for eleito. Acho que o vice-governador, até pelo estilo de fazer política e pela sua experiência nesse campo, jurando de pé junto lealdade, mas sonhando que haja algo no campo de lá para que ele possa ser. Isso é impossível. O PT não aceitará que o candidato a representá-lo seja outro que não seja do PT, o que é até legítimo. Eles detêm o governo e é absolutamente razoável que desejassem, com legitimidade, ter um candidato. Acho que o senador Walter Pinheiro, que é um quadro do PT com quem se tem diálogo, poderia até fazer uma política de conversa mais ampla com a oposição; também não terá chance, mas seria um nome interessante. A senadora Lídice da Mata, que pontua bem algumas pesquisas, talvez seja a que mais pontue no campo de lá; ela poderá ter que ser candidata em função do jogo nacional da candidatura de Eduardo Campos. O que me parece, assim de fora, é que não há como arrumar aquele quadro sem deixar mágoas e sequelas, o que é próprio de um governo que tem caneta, mas que vai vendo a tinta de esvair a cada dia. Colaboraram: Fernanda Chagas e Daniela Pereira

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